Tireoglobulina? Anti-tireoglobulina? Ultrassom do pescoço? Entenda melhor como é feito o acompanhamento do câncer de tireóide! Todo paciente que teve câncer deve fazer acompanhamento médico para o resto da vida. Isso porque em todo câncer existe o risco de voltar, mesmo os de baixo risco. As vezes em alguns meses, as vezes em alguns anos ou até em décadas. No câncer de tireóide, a recidiva pode ser local, algum nódulo no pescoço, ou à distância – nódulos no pulmão, fígado ou ossos, porém é bem raro de isso acontecer.
Tratamento do câncer de tireoide
O tratamento do câncer de tireóide envolve cirurgia, radioiodoterapia e terapia supressiva. O principal é a cirurgia, que pode ser parcial, total ou total com esvaziamento, e os outros tratamentos são adjuvantes. Quanto mais agressiva for a doença, mais agressivo será o tratamento. É por isso que alguns pacientes fazem apenas a tireoidectomia parcial e ficam curados, enquanto outros precisam ser operados várias vezes, fazer radioiodoterapia mais de uma vez… Cada caso é um caso.
Você pode ler um pouco mais sobre o tratamento nesse link: Câncer de tireoide – como é o tratamento!
Acompanhamento do câncer de tireóide
No seguimento do câncer de tireóide, existem alguns exames que nos ajudam a detectar precocemente as recidivas.
Ultrassom cervical
O ultrassom cervical avalia a região onde estava a tireóide e os linfonodos recorrenciais, o primeiro onde a doença pode voltar. Também rastreia a cadeia lateral e os níveis II a V à procura de linfonodos suspeitos. A frequencia de realizar esse exame após a cirurgia varia de cada caso. Em geral uma vez por ano é su ciente. Outros exames muito importantes são: TSH, T4 livre, Tireoglobulina e Anti-tireoglobulina, que devem sempre ser feitos em conjunto pois os valores de um podem interferir no outro. Vamos por partes:
TSH e T4 livre
Mostram a função tireoidiana e a reposição hormonal, avaliando como está a terapia supressiva. Todo paciente tratando de carcinoma papilífero deve car com TSH supresso, próximo a 0,1. Casos mais agressivos devem car com valores até menor do que isso, e casos de baixo risco entre 0,1 e 2. Isso é importante pois inibe o crescimento de recidivas. Tanto o paciente deve tomar religiosamente a medicação todos os dias quanto a dose deve se ajustada e aumentada até atingir esses valores de TSH. Após alguns anos e sem sinais de recidiva, é possível reduzir o grau de supressão para evitar consequências como fibrilação atrial e osteoporose.
Tireoglobulina e anti-tireoglobulina
Tireoglobulina é uma proteína produzida EXCLUSIVAMENTE pela tireóide para armazenar iodo. A vantagem desse exame é que quando a tireóide é removida, o exame de sangue não detectará nada de tireoglobulina e cará zerado, na maioria dos casos. Esse exame é extremamente importante pois quando ele começa a subir, é um sinal bem precoce de que a doença vai recidivar, permitindo tratamento precoce e chance de cura ainda muito boa!
A anti-tireoglobulina é um anti-corpo que ataca a tireoglobulina, comum nos pacientes que tem Tireoidite de Hashimoto. Na maioria dos pacientes ela é negativa, mas quando positiva ela atrapalha a dosagem da tireoglobulina no seguimento do câncer, pois faz com que o exame de tireoglobulina dê negativo sem realmente ser negativo. Nesses casos acompanhamos os valores de anti-tireoglobulina para prever se a doença vai recidivar ou não, mas não é tão con ável quanto a tireoglobulina.
TSH / Tireoglobulina / reposição de hormônio
Quanto maior for a dose da reposição de hormônio, menor serão os valores de TSH e de Tireoglobulina, e vice e versa. Caso haja alteração na dose do hormônio, isso causará também variação nesses exames. É por isso que sempre dosamos todos os 4 juntos, em cada consulta. Se a tireoglobulina começa a subir, devemos sempre olhar como está o TSH e a dose da levotiroxina para saber se é um aumento real ou apenas flutuação devido aumento do TSH/redução da dose do hormônio.
Resposta ao tratamento
A ATA classificou os pacientes após o tratamento em quais deram certo e quais vão apresentar recidivas.
resposta completa ao tratamento
resposta indeterminada
resposta bioquímica incompleta
recidiva estrutural
Entrarei em detalhe sobre cada uma dessas classificações nos próximos posts.
Sobre o site drtireoide.com
Hoje em dia, com a quantidade de informação disponível na internet fica difícil encontrar conteúdo de qualidade. E esse é exatamente o meu objetivo, levar informação de qualidade a quem precisa. As vezes percebo que não consigo passar para o paciente todo o conhecimento sobre a sua doença ou, devido a ansiedade da consulta, o paciente não capta toda a mensagem. Qualquer dúvida escreva nos comentários. Talvez eu escreva um post ou faça um vídeo sobre o seu problema! Se você quiser marcar uma consulta comigo, clique aqui.
Criei esse site para ajudar meus pacientes a entender melhor o seu tratamento. Percebi que os médicos em geral não tem tanto conhecimento sobre tireóide como o cirurgião de cabeça e pescoço tem. Não é fácil encontrar conteúdo de qualidade voltado para pacientes na internet, pois o dr google já diz que tudo é câncer. Por isso tenho essa missão de compartilhar o que sei para facilitar sua vida! Obrigado!
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