Fez ou precisa fazer uma PAAF da tireóide? Leia esse artigo e entenda o resultado desse exame!
PAAF = Punção aspirativa por agulha fina
O principal objetivo da punção de um nódulo tireoidiano é saber se aquela lesão detectada no ultrassom ou no exame físico é um câncer de tireóide ou não. Isso é importante por que o tratamento do câncer é cirúrgico! Terá que remover metade ou a tireóide toda. Quando o resultado não for maligno, talvez não seja necessário operar, apenas acompanhar – repetir ultrassom periodicamente para avaliar se o nódulo está crescendo ou não.
Quem precisa fazer a PAAF da tireóide?
Para saber mais sobre a PAAF, leia também esses outros artigos:
Importância desse exame
A PAAF é um dos exames mais importantes na avaliação dos nódulos tireoidianos, pois pode mudar a conduta e indicar uma cirurgia. Não é um exame perfeito – existem os falsos positivos – PAAF disse que era câncer mas não era. E existem os falsos negativos – PAAF disse que não era câncer, mas era – isso pode acontecer nos nódulos volumosos, maiores que 4cm, pois a PAAF perde a acurácia. Como o nódulo e a tireóide é muito grande, não dá para coletar material de toda a região.
Resultado da punção
De uma forma resumida, existem 4 possíveis resultados que foram classificados por um grupo de cientistas em 2007 na cidade de Bethesda, em um classificação que é utilizada até hoje. A classificação de Bethesda vai de 1 a 6 em algarismos romanos e NÃO É GRADUAL! Cada número tem um significado.
Benigno – Bethesda II
Maligno – Bethesda V ou VI
Inconclusivo – Bethesda I ou III
Neoplasia folicular – Bethesda IV
Benigno – Bethesda II
Esse é o melhor resultado! A maioria dos casos de Bethesda II nos tranquiliza para só acompanhar, sem necessidade de cirurgia. Cerca de 60 a 70% das PAAFs são Bethesda II, mas 90-95% dos nódulos são benignos – essa conta não fecha porque o nódulo, mesmo sendo benigno, pode ter um resultado diferente – Inconclusivo (Bethesda I ou III), neoplaisa folicular (Bethesda IV) ou até maligno (Bethesda V ou VI) sem ser.
A taxa de falso negativo é de até 3%, por isso será necessário repetir ultrassom e exame físico periodicamente, e repetir punção caso haja crescimento ou mudança do aspecto do nódulo.
Maligno – Bethesda V ou VI
O carcinoma papilífero da tireóide representa 95% dos tipo de câncer de tireóide. A punção consegue diagnosticar com boa acurácia esse tipo de lesão. Diferente do carcinoma medular e do carcinoma folicular, outros tipos de câncer da tireóide que costumam ser descobertos na biópsia da cirurgia.
Bethesda V – Suspeito de maligno – O patologista que analisou o material coletado suspeitou de câncer mas não viu características su cientes para fechar o diagnóstico. A chance de ser câncer é até 75%, por isso a melhor conduta muitas vezes é a cirurgia, que pode ser parcial ou total.
Bethesda VI – Maligno – 99% de chance ser mesmo um câncer, é o tratamento nesse caso é cirurgia. Para saber mais sobre o câncer de tireóide, leia esse outro artigo – 5 fatos sobre o câncer de tireóide
Inconclusivo – Bethesda I ou III
Esses resultados são os mais frustrantes pois não consigo dar uma certeza para o paciente. Na maioria das vezes trata-se de uma lesão benigna que por algum motivo a punção não conseguiu con rmar essa hipótese. Podemos acompanhar de perto repetindo ultrassom e após um certo tempo repetir a PAAF, ou em alguns casos, se a suspeita de ser maligno for alta, podemos partir logo para a cirurgia. O mais importante é sempre manter a calma pois tudo tem jeito!
Bethesda I – Material insatisfatório. Cerca de 10% das PAAFs tem esse resultado. A punção da tireóide depende da pessoa que está puncionando, do patologista que está analisando as lâminas e do próprio nódulo – lesões com grande quantidade de conteúdo cístico ou lesões com tendência maior a sangrar di cultam a coleta. Eu faço punção e uma particularidade da minha região são as pacientes com pescoço curto, de cearense. A tireóide ca mais profunda e mais difícil de chegar no nódulo. Repetir a punção tem cerca de 50 a 80% de chance de ter uma resposta. Alguns casos são puncionados duas ou três vezes e permanece sem diagnóstico – quando operados, 10% desses casos são malignos.
Bethesda III – Lesão folicular de signi cado indeterminado – grupo heterogêneo de achados citológicos que o patologista não garantiu ser benigno mas que provavelmente é. Após repetir a punção, apenas 20% permanece como Bethesda III – São casos que há necessidade de operar para esclarecer qual é o diagnóstico.
Neoplasia folicular – Bethesda IV
Essa é uma categoria especial. Nesses casos, para con rmar que a lesão é benigna, é necessário analisá-la por completo, pois existe a possibilidade de ser um Carcinoma folicular. A cirurgia mais indicada é a lobectomia – uma tireoidectomia parcial removendo o lado da tireóide que contém o nódulo Bethesda IV. O risco de ser maligno chega a 30%.
Sobre o site drtireoide.com
Hoje em dia, com a quantidade de informação disponível na internet ca difícil encontrar conteúdo de qualidade. E esse é exatamente o meu objetivo, levar informação de qualidade a quem precisa. As vezes percebo que não consigo passar para o paciente todo o conhecimento sobre a sua doença ou, devido a ansiedade da consulta, o paciente não capta toda a mensagem. Qualquer dúvida escreva nos comentários. Talvez eu escreva um post ou faça um vídeo sobre o seu problema! Se você quiser marcar uma consulta comigo, clique aqui.
Criei esse site para ajudar meus pacientes a entender melhor o seu tratamento. Percebi que os médicos em geral não tem tanto conhecimento sobre tireóide como o cirurgião de cabeça e pescoço tem. Não é fácil encontrar conteúdo de qualidade voltado para pacientes na internet, pois o dr google já diz que tudo é câncer. Por isso tenho essa missão de compartilhar o que sei para facilitar sua vida! Obrigado!
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